Então [Jesus] lhes contou esta parábola: "Ninguém tira um remendo de roupa nova e o costura em roupa velha; se o fizer, estragará a roupa nova, além do que o remendo da nova não se ajustará à velha. E ninguém põe vinho novo em vasilha de couro velha; se o fizer, o vinho novo rebentará a vasilha, se derramará, e a vasilha se estragará. Ao contrário, vinho novo deve ser posto em vasilha de couro nova. E ninguém, depois de beber o vinho velho, prefere o novo, pois diz: 'O vinho velho é melhor!' " Lc 5:36-39
Dentre todas as religiões que tive oportunidade de estudar (boa parte no curso, eternamente inacabado, de história) o Evangelho é a mais subversiva e perigosa de todas. O mundo não pode aguentar as Boas Novas de salvação e transformou ele no seu pior inimigo: uma religião (religião com prática ritualística, pensamento dualista da natureza, teologia moral de efeito e causa e outros venenos)
O trecho da Bíblia acima é uma parábola que o autor Lucas cita quase como um desfecho a uma série de confrontos de Jesus:
- Lc 5:17-26 : Jesus contra a teologia humana
Para uma sociedade que desprezava e excluía qualquer um "imperfeito", Jesus demonstra graça e perdoa um paralítico. Questionado sobre sua autoridade pelos fariseus e mestres da lei, demonstra sua divindade curando o paralítico. Deus chocando os estudiosos que afirmam saber o que é necessário saber sobre Deus, a teologia tendo que humilhar-se diante do Senhor - Aslam não é um animal de estimação. - Lc 5:28-32 : Jesus contra o estabelecimento da sociedade
Jesus se mistura com os excluídos, com os traidores da nação que cobravam impostos em nome dos malditos invasores romanos. Jesus "ceia" com ele, o que significa mais do que comida, significa comunhão. Mas a moralidade pretensamente "santa" dos religiosos não se mistura com os perdidos, somente um Deus de fato Santo para ter amor por pecadores e relacionar-se com eles. - Lc 5:33-35 : Jesus contra as expressões religiosas
Os religiosos não vendo nem em si mesmos argumentos para discutir com Jesus, preferem referir-se aos discípulos de João, que tinham uma vida "metodista" e praticavam o jejum regurlamente. Mas Jesus propõe um enigma referenciando a si mesmo como o noivo prometido, o messias, usando a imagem do casamento tão usada pelos profetas para responder aos religiosos que as expressões de religosidade sem seu verdadeiro Sentido não fazem sentido. Os discípulos ainda não foram ensinados (pelo Seu exemplo) sobre o sacrifício e o mortificar a carne, seu jejum não seria nada mais que rito sem conteúdo. Sem a cruz, nosso espetáculo chato e vazio (a.k.a. "culto") é apenas entretenimento religioso, sem ela nossas práticas religiosas são apenas absorventes usados, diante de um Deus santo.
Assim, a parábola que Jesus propõe tem a ver com a espiritualidade do Reino conta os sistemas caducos de um estabelecimento religioso que é inimigo do Deus verdadeiro revelado nas Escrituras. Os odres (vasilhas de couro) velhos e a roupa velha não devem ser reparados, como se fossem levemente danificados. Este ponto precisa de uma revisão exegética, as traduções que tenho em casa foram divergentes sobre essa interpretação, mas se fosse esperar por isso, nunca teria soltado esse "rascunho".
Viver o Evangelho, as Boas Novas, é antes de tudo rejeitar toda religiosidade que não seja estritamente ensinada por Jesus. Sendo assim, usos e costumes do "bicho crente" que não estejam de acordo com o ensino de Jesus são inúteis, ao contrário, remendar roupa velha ou reaproveitar vasilha de couro velha só estraga a novidade de vida que Deus nos oferece como promessa da vida eterna.
Minha oração é que a cada dia o conhecimento que tenho de Deus seja totalmente destruído e substituído pelo conhecimento que Deus de Si mesmo revela pelo seu Espírito, sob a autoridade de Jesus que me comprou pelo Seu precioso sangue na cruz. Que eu tenha forças para resistir as pressões sociais dos líderes religiosos para que me adapta a inútil tradição religiosa, confortável e maldita, deixando-me apenas com o desespero de a cada dia estudar a Bíblia e descobrir que esse Deus, que tanto me ama, continua sendo um mistério para mim. E como a cada dia eu cresço e o mundo torna-se novo para mim, que as Boas Novas continuem novas.
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