sábado, fevereiro 04, 2012

mesa da temakeria - introdução

Essa postagem é fruto de um debate acalorado numa mesa com um médico, uma professora/doutoranda/advogada e um engenheiro/professor/pesquisador/prefeito universitário. E claro, eu...  nada, hahaha. Ok, eu me descreveria como um analista de sistemas profissional, educador cristão confessional e teólogo formacional.

Eu quase entrei em modo berserk com a reclamação deles que enquanto ganhavam uma boa remuneração através de vários anos de estudo, um motorista da universidade ganhava um valor "equiparável" entre salários, benefícios e diárias, sem a mesma formação acadêmica. Realmente fique com raiva quando pra sustentar a argumentação o engenheiro citou um comerciante de tomates que tinha ganhos de um milhão de reais sem nenhuma formação.

Acredito que essa discussão me atingiu primeiramente no ego, pelo fato de não ter sido possível até agora a minha conclusão de uma graduação (apesar de estar atualmente cursando teologia, já passei por história e pedagogia).

Mas havia algo mais nessa conversa que eu tenho que ruminar mais: infelizmente na mentalidade deles o cumprimento de certas exigências acadêmicas e currículos acadêmicos deveriam garantir uma renda diferenciada de pessoas "sem formação". IHMO, esse é um erro fundamental da classe média brasileira, acreditar que a titulação acadêmica é prerequisito de valor, capacidade e remuneração.

Atribui-se a remuneração recebida o valor do profissional. Ora, eu ganho quase o mesmo do motorista (aqui, note-se a depreciação da comparação), mas eu tenho maior valor que ele. Eu creio que existem sim profissões mais valiosas, especialmente as da saúde ou que ofereçam um suporte primário ao suporte da vida do indivíduo e da sociedade. Mas a remuneração não diz o valor da profissão, mesmo porque há motoristas que ganham um salário mínimo e há funcionários públicos federais concursados que ganham muito bem (e merecem isso). Existem fisioterapeutas que trabalham em UTI de hospital 40 horas  semanais e ganham menos que esteticistas (sem graduação, as vezes sem curso técnico) que trabalham 20 horas.

Se o profissional acha que seu valor é a sua remuneração, ele vai descobrir rapidamente que o mercado tem percepções totalmente distorcidas sobre quem deve recompensar. Isso é injusto? Claro que é! Eu devo depreciar o jogador de futebol milionário, a funkeira ou o motorista? Nunca! Eu não atribuir o "valor" ao trabalho deles não significa que sua remuneração é ofensiva, mas que o sistema atual não recompensa as pessoas de acordo com meus valores.
Está com inveja deles? Deixa de mimimi, aprende as regras do jogo, manda seu vídeo pra o BBB e corre atrás. Eu não vou, tenho e vivo por valores eternos que me fazem ficar triste com a situação, mas nunca depreciar o ser humano que está preso e jura que está "por cima", porque está sendo beneficiado por esse sistema.

Eu vou terminar a introdução das minhas ruminações desse debate na temakeria com a simples constatação que estamos tão presos ao capitalismo que o sentido da vida, mesmo de pessoas espiritualizadas e esclarecidas, é o poder econômico. Os meios financeiros de recompensa ao trabalho são o centro do desejo do trabalhador. Queira Deus que seja possível um reavivamento do conceito cristão de vocação, de satisfação e contentamento. Queira Deus que o trabalho não seja em nossas vidas apenas o meio de viver o consumismo, mas um "meio de glorificar a Deus e gozá-lO para todo sempre"

Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas. Mateus 6:33

Um comentário:

peripéciasdeumajovemadvogada disse...

Doutor! Muito bom o texto!

Ando por estes dias refletindo exatamente sobre o tema. Percebi que apesar da aparente injustiça que algumas profissões ou, em outros casos, alguns profissionais sofrem, o importante para nós, que antes de sermos profisisonais somos cristãos, é glorificar nosso Deus em tudo, inclusive com nosso trabalho!

Que Deus lhe abençoe!